é que viver é mesmo muito perigoso. tem uma guerra pra todo motivo, você sabe, e cada motivo tem mais de uma razao. e vem sempre quem segura as armas e aperta o gatilho e lança a pedra da mao. shalom, o cara da cama ao lado me mostrando fotos da sua guerra, de quanto orgulho em uma máquina entre dois braços, de deus dos dois lados da faixa, gasta; da sua guerra que ele diz que nao quer e eu que quero, mas não sei quando vou entender. tem que agora a bomba caiu a 50m da sua casa hoje, e vale, dobrar o dedo fica mais fácil assim.
enquanto eu subia a mitre e cruzava a entre rios, quanta gente vindo de uma vez, de lado, tanta era a certeza em pisar o pé no chao. no topo da cruz, descendo a mesma mitre de tantas nesse país, os caras de farda bloquearam meu caminho com uma mostra da sua engenharia. jogada estratégica para chegar de surpresa no bando preto-e-branco-e-índio-e-hincha. eu entre dois lados que agora estava, como quem tem que escolher em que time está jogando, este juego que eu só conhecia de saber que existe, nao tive tempo de reclamar pra deus, o que eu levo comigo, que eu era soldado de nenhum batalhao.
assim foi que minhas pernas escolheram o lado dos sapatos com graxa é na sola, la hinchada de central norte, corremos juntos dos estouros, dos pipocos, todos separados, escapando na descida da nossa mitre e dessa vez o cara ao lado tava em açao, pedra na mao, fora da mao, puta merda, o tiro de borracha raspou este meu lado, ainda o esquerdo, perto do chao. salta. o diabo na rua, eu no meio do redemoinho. tem uma guerra pra todo motivo e pra cada lado, um batalhao. é que viver é muito perigoso. é que nao tem opçao.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
não tem jeito, né, paula? parece que as bombas vão inspirar ainda por muito tempo as artes...
ResponderExcluiré que é muito intenso...
ResponderExcluir