no vai-e-vem dos teus quadris

faz um tempo eu resolvi escrever um blues. ele veio na minha hora preferida, da vida inteira; o melhor de tudo é que essa hora vinha sempre, a hora da cidade dormindo e eu voltando pra casa, olhando do alto daquele endereço a silhueta do sol chegando contra tudo quanto é construção na minha frente, de um jeito positivo-negativo; então o mundo parecia mais simples assim. sabe, era. como eu já esperava que aquela hora ia vir, um dia forjei uma coincidência e mandei o cazuza me cantar no track 08 pro mundo inteiro acordar e a gente dormir... o óbvio às vezes cai bem, ainda mais quando já passou do triz e o dia já nasceu feliz. enfim, não precisava ter dito, tá na cara, ninguém tem a hora preferida da vida inteira num momento triste. ou tem? ou tem. nem sei se feliz é a tal palavra, aquilo era o que tinha que ser, acho. parecia certo, sabe. sei. de todo jeito, meu blues não ficou assim, afinal blues é azul e não cor-de-rosa como nasce o sol. deve ser porque o mundo não é mesmo preto e branco, deve ser por isso que o blues me veio aquela hora preferida, da vida inteira. mas veio sem melodia e se alguém quiser tentar, fica à vontade. é só não cantar como se estivesse celebrando, vai lá. chama maldita.


Baby, dá o fora!
Você já teve a sua dose de mim
Me bebeu, me sugou, meu amor
Que dança é essa, você e eu?

Baby, foi um erro
Volta pra sua vida florida
De lá vai ver a cidade dormir
E por algum beco eu não vou fingir
Que essa porra de vida não dói

Baby, eu sou seu fracasso
Um fiasco com um copo na mão
E quando eu te abraço você grita
Porque eu aperto as tuas feridas
E te acordo de um sonho bom

Baby, você quis assim
Vá embora, dormir acordada
Ignorar que de madrugada
Teus demônios não te deixam em paz.

pb.

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